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Sífilis Congênita

Agente etiológico: Treponema pallidum.

Contaminação materna: O rastreamento sorológico da sífilis deve ser feito em todas as mães. A mulher adquire sífilis, em geral, através do contato sexual. A fase primária da doença é caracterizada pelo aparecimento de cancro duro, indolor, localizado nas paredes vaginais. Na fase secundária, a mulher desenvolve exantema e linfadenopatia. Após vários anos, aparecem as formas terciárias: neurológica, cardiovascular e as gomas.

Transmissão fetal: Infecção adquirida por via transplacentária, mais freqüente após a 16ª e 18ª semanas gestacionais. A transmissão no canal de parto, através do contato com o cancro, e na amamentação, quando existem lesões treponêmicas no mamilo, é excepcional.

Quadro clínico: Retardo do crescimento intra-uterino, meningite luética, coriza sifilítica (obstrução nasal e secreção grossa de cor catarral ou mucossangüinolenta), pênfigo sifilítico (em regiões palmoplantares sob forma de bolhas, com líquido turvo ou hemorrágico), osteocondrite metaepifisária, pseudoparalisia de Parrot, hepatoesplenomegalia, coriorretinite do tipo sal-e-pimenta e pneumonia alba.

Diagnóstico: Exame do líquor, VDRL (não-treponêmico), FTA-ABS-IgM (indica infecção do recém-nascido, devendo ser usado como diagnóstico de certeza), RX de ossos longos e alterações placentárias específicas.

Tratamento:

Recém-nascido: penicilina cristalina (IM ou EV) 50.000 U/kg de 12/12hr, na primeira semana e 50.000 U/kg de 8/8hr, após a primeira semana, por 10-14 dias.

Mãe: Evolução < 12 meses: duas doses de 2.400.000U de penicilina benzatina IM com intervalo de uma semana entre as doses (4.800.000U). Evolução > 12 meses: três doses de 2.400.000U de penicilina benzatina IM com intervalo de uma semana entre as doses (7.200.000U).

Não tratar: recém-nascido com sorologia negativa, apesar de a mãe ser positiva; títulos de anticorpos do recém-nascido iguais ou até quatro vezes o da mãe.

Tratar: recém-nascido sintomático; mãe com sorologia positiva não tratada; falta de comprovação do tratamento materno; tratamento materno inadequado ou incompleto; tratamento materno realizado até um mês antes do parto; não diminuição dos títulos de anticorpos da mãe, mesmo tratada; história de reinfecção materna; dificuldade ou mesmo impossibilidade de controle ambulatorial da criança; mãe com HIV positivo; recém-nascido com títulos de anticorpos superiores a quatro vezes o da mãe.

Reação de Jarisch-Herxtheimer: aparece nas duas primeiras horas após o uso de penicilinas, e é caracterizada por febre, calafrios, hipotensão, taquipnéia, taquicardia, leucocitose e aumento das lesões cutâneas, que, eventualmente, pode levar à morte. O tratamento deve ser feito com prednisona.

Acompanhamento: Todo recém-nascido tratado para sífilis congênita deve ser acompanhado por pelo menos 2 anos, através de: VDRL com 3, 6, 12, 18 e 24 meses de vida; exame liquórico a cada 6 meses, até a sua normalização bioquímica, citológica e sorológica, quando o neonato for portador de neurossífilis; avaliação neurológica com 6 e 12 meses de vida; avaliação auditiva com 6 e 24 meses de vida; e exame oftalmológico durante o primeiro ano e aos 2 anos de vida.

Se os títulos do VDRL estiverem caindo nos primeiros três meses e forem negativos entre 6 e 12 meses de vida, a criança foi tratada de maneira correta. Espera-se, também, que o VDRL do líquor apresente-se negativo por volta do 6º mês de vida e que o líquor esteja absolutamente normal ao fim do segundo ano. Caso isto não ocorra, deve-se proceder à reavaliação diagnóstica e ao tratamento adequado.

Profilaxia: Tratamento adequado da gestante sifilítica e de seu parceiro; educação em saúde da população, especialmente em relação à DSTs; maior cobertura e qualidade do pré-natal; realização da triagem sorológica para sífilis no primeiro e terceiro trimestres da gestação e na época do parto.

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